segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Palavras Mortas


Aqui jaz a dor
Dor de quem não pode viver plenamente um amor.

Aqui jaz a o amor
Amor que não se fez presente e se escondeu atrás da esperança

Aqui jaz a esperança
Esperança de quem se cansou de esperar

Aqui jaz a expectativa
Expectativa de ver o sentimento compreendido, Como é possível se tal não se pode explicar? Que seja então Sentido, se não pode ver, ouvir ou entender... então apenas Sinta!

Aqui jaz a compreensão, e não a exija de mim, pois como reles mortal não tenho a obrigação de acolher no peito as dores do mundo, por mais que o faça sem perceber, não se assuste ao se surpreender com meu egoísmo.

Aqui jaz a compaixão, que por mais bela que seja só serviu para distanciar-me do amor de mim... Por mim...

Aqui jaz um amigo, amigo que não usufrui desta dádiva, apenas a proporciona para aqueles a quem se escolhe para depositar todo o amor que lhe sobra sem destino certo.

Aqui jaz este destino, que por mais que eu quisesse jamais me levaria a lugar algum, muito menos ao lugar dos sonhos...

Aqui jaz o sonho, que se fez temor, por causar terror ao ver-me refletido aqui. Que bem faria, quão bom seria, se externar o monstro, criação do medo que se esconde em mim?

Aqui jaz um devaneio, aqui jaz uma loucura, loucura de não saber dosar, de não saber me dar, e não deixar nada de mim mesmo, nem um pouco só pra mim.

Aqui jaz a infância, que ainda que esquecida, causa marcas, é ferida, traz a dor me leva a vida.

Feliz de mim que não sou Sabino, que nasceu homem e morreu menino, meu menino é lembrança, hoje o velho não se cansa de mudar o seu destino.

Aqui jaz o devaneio, de achar que posso ser enfim, assim.
De livrar-me então de mim, tentar ser quem não sou eu,

Aqui viverá sempre o ser que aprendeu, mesmo sem se perceber, a fazer da dor o amor, completar a espera em esperança, entregar-se como criança comprazer-se em amar, puro e simplesmente amor, que existe e sustenta-se em si, não precisa retornar, porque transforma o caminho em uma única vez em que o faz.

Por isso então eu amo:

O caminho onde passo, passo sempre sobre o rastro,
Mesmo sendo uma quimera, faz-me ver só primavera no percurso que eu faço.

David Prates 12/09/2009

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