quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Perfídia

Por mais que me mate o querer
O que mais mata é de fato não saber
Se o controle é amor
Insegura essa dor que não posso conter

Pra saber com quem andas
O que fazes e onde
Pois o que não me contas
Porque então me escondes?

Não saber se me quer
Pra me ter por mulher
Que futuro há defronte?

Resolver o conflito
De mim mesma reflito
O quão fraca fui eu
Que te ensoberbeceu
Coração jaz contrito

Não acaba assim
Posso ser mais enfim
Bem mas forte que fui
Todo amor evolui
Não por ti, mais por mim.

(Para Gesica Lana por - David Prates)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Reflexão

Quando a imagem ante a mim não sou mais eu, ou quando o eu do outro lado não é mais parte de mim o espelho não mais faz sentido, mas mesmo assim teima em refletir hoje a soma do que fui dia após dia até chegar aqui. Parte de mim que não sou eu? Como assim? Se o fruto do que fui não me faz ser quem eu quero, resta-me então sucumbir ao resultado ou fazer meu eu de novo.

Quando o espelho não sou eu,

Quando a dor ainda é minha


Quando a alma feneceu

O universo dentro em mim

No escuro se perdeu


Hoje mais do que eu tinha

Mais de amor e mais de dor

Uma dor que só é minha


Pelos cacos que sou eu

O amor não se perdeu

Um mosaico e adivinha?


Nunca é tarde pra juntar

Refazer e recriar

Destes cacos, que restou?

O que falta levantar?


Descobrir de novo a vida

Que era minha então morreu


Mas que nunca foi perdida

A verdade comprimida

Dos pedaços reergueu


E me fez como arte nova

Como aurora na manhã

Como a noite sua irmã

O renovo se comprova.


Se decido deixar como está, me entrego à própria sorte, que virtude há nisso? É melhor lançar mão do orgulho e lançar o espelho ao chão, deixar quebrar o quanto for possível. Quanto menor for o estilhaço, mais precisa será a reconstrução da obra de arte que minha vida pode se tornar, vida construída sob os alicerces do aprendizado, da experiência e sobretudo da humildade... Reconstruo então, me refaço agora.
David Prates 19/10/2014