quarta-feira, 1 de abril de 2020

Prisão sem muros


Não havia paredes, mas ali cercado por vozes dizendo: "Pode", "Não pode", "Não é correto", "Ser bem sucedido é....", "Mas seu amigo conseguiu", "Por que não dá certo Só pra mim?". Era ali que ficava.

Não tinha nenhuma grade, mas era ali que se sentia protegido, não acontecia nada de mal, aliás esse era o lugar onde não acontecia nada. O único movimento ali era do tempo, tempo que não passa quando a mordaça te impede de seguí-lo.

A cada segundo na prisão, dois pelo menos são perdidos, um de deixar de viver e outro para lamentar não ter vivido. Está é a prisão, onde o tempo é a cela, mas quem a tranca  é o medo...

O que é preciso pra quebrar o ciclo de tempo esvaído em nada? Qual é a obrigação que define as amarras? As expectativas de quem estão sendo correspondidas?

Quando é o tempo de fazer bem pra mim mesmo? A pergunta real é quem está feliz enquanto eu estou infeliz? É como estará quando o feliz for eu? A dor é sentida por mim pra satisfazer a quem?

Olhando ao meu redor quem é que me doa tempo e quem é que consome o meu enquanto me aprisiona? 

Quando foi a última vez que sorri por dentro e por fora dizendo: "Estou bem". Quando é que estar "normal" virou sinônimo de "Melhor do que estar mal"?

Não sou obrigado  nada...
Não tenho que fazer ninguém feliz...
Não tenho que conquistar nada...
Não tem que ser agora...
Não "tem que" nada...

Será quando eu achar que devo.
Se eu achar que devo.
Da maneira que eu achar que devo.
Por que no fim, ninguém mais saberá o que é melhor pra mim. Neste momento sair da prisão significa: Ninguém merece estar aqui e ninguém pode achar bom eu permanecer aqui.
29/03/2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário