Não havia paredes, mas ali cercado por vozes dizendo:
"Pode", "Não pode", "Não é correto", "Ser
bem sucedido é....", "Mas seu amigo conseguiu", "Por que
não dá certo Só pra mim?". Era ali que ficava.
Não tinha nenhuma grade, mas era ali que se sentia
protegido, não acontecia nada de mal, aliás esse era o lugar onde não acontecia
nada. O único movimento ali era do tempo, tempo que não passa quando a mordaça
te impede de seguí-lo.
A cada segundo na prisão, dois pelo menos são perdidos, um
de deixar de viver e outro para lamentar não ter vivido. Está é a prisão, onde
o tempo é a cela, mas quem a tranca é o medo...
O que é preciso pra quebrar o ciclo de tempo esvaído em
nada? Qual é a obrigação que define as amarras? As expectativas de quem estão
sendo correspondidas?
Quando é o tempo de fazer bem pra mim mesmo? A pergunta real
é quem está feliz enquanto eu estou infeliz? É como estará quando o feliz for
eu? A dor é sentida por mim pra satisfazer a quem?
Olhando ao meu redor quem é que me doa tempo e quem é que
consome o meu enquanto me aprisiona?
Quando foi a última vez que sorri por dentro e por fora
dizendo: "Estou bem". Quando é que estar "normal" virou
sinônimo de "Melhor do que estar mal"?
Não sou obrigado nada...
Não tenho que fazer ninguém feliz...
Não tenho que conquistar nada...
Não tem que ser agora...
Não "tem que" nada...
Será quando eu achar que devo.
Se eu achar que devo.
Da maneira que eu achar que devo.
Por que no fim, ninguém mais saberá o que é melhor pra mim.
Neste momento sair da prisão significa: Ninguém merece estar aqui e ninguém
pode achar bom eu permanecer aqui.
29/03/2020
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