terça-feira, 21 de outubro de 2014

Reflexão

Quando a imagem ante a mim não sou mais eu, ou quando o eu do outro lado não é mais parte de mim o espelho não mais faz sentido, mas mesmo assim teima em refletir hoje a soma do que fui dia após dia até chegar aqui. Parte de mim que não sou eu? Como assim? Se o fruto do que fui não me faz ser quem eu quero, resta-me então sucumbir ao resultado ou fazer meu eu de novo.

Quando o espelho não sou eu,

Quando a dor ainda é minha


Quando a alma feneceu

O universo dentro em mim

No escuro se perdeu


Hoje mais do que eu tinha

Mais de amor e mais de dor

Uma dor que só é minha


Pelos cacos que sou eu

O amor não se perdeu

Um mosaico e adivinha?


Nunca é tarde pra juntar

Refazer e recriar

Destes cacos, que restou?

O que falta levantar?


Descobrir de novo a vida

Que era minha então morreu


Mas que nunca foi perdida

A verdade comprimida

Dos pedaços reergueu


E me fez como arte nova

Como aurora na manhã

Como a noite sua irmã

O renovo se comprova.


Se decido deixar como está, me entrego à própria sorte, que virtude há nisso? É melhor lançar mão do orgulho e lançar o espelho ao chão, deixar quebrar o quanto for possível. Quanto menor for o estilhaço, mais precisa será a reconstrução da obra de arte que minha vida pode se tornar, vida construída sob os alicerces do aprendizado, da experiência e sobretudo da humildade... Reconstruo então, me refaço agora.
David Prates 19/10/2014

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