Quando o espelho não sou eu,
Quando a dor ainda é minha
Quando a alma feneceu
O universo dentro em mim
No escuro se perdeu
Hoje mais do que eu tinha
Mais de amor e mais de dor
Uma dor que só é minha
Pelos cacos que sou eu
O amor não se perdeu
Um mosaico e adivinha?
Nunca é tarde pra juntar
Refazer e recriar
Destes cacos, que restou?
O que falta levantar?
Descobrir de novo a vida
Que era minha então morreu
Mas que nunca foi perdida
A verdade comprimida
Dos pedaços reergueu
E me fez como arte nova
Como aurora na manhã
Como a noite sua irmã
O renovo se comprova.
Se decido deixar como está, me entrego à própria sorte, que
virtude há nisso? É melhor lançar mão do orgulho e lançar o espelho ao chão,
deixar quebrar o quanto for possível. Quanto menor for o estilhaço, mais
precisa será a reconstrução da obra de arte que minha vida pode se tornar, vida
construída sob os alicerces do aprendizado, da experiência e sobretudo da
humildade... Reconstruo então, me refaço agora.
David Prates 19/10/2014
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